A educação aliada ao combate à caça
- Andressa Gatti
- 18 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de jul. de 2022
Por Andressa Gatti
Em outubro de 2021, iniciei meu trabalho no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), onde está localizado o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML), hoje uma unidade administrativa do INMA (https://www.gov.br/inma/pt-br). Talvez para muitos o nome do Museu seja mais familiar. O MBML faz parte da minha história, da minha formação como estudante, professora e pesquisadora. Já dei muitas aulas práticas em suas coleções, e sei que os alunos e muitos outros pesquisadores que tiveram contato com essa instituição aproveitaram e ainda aproveitam essa grande oportunidade!
São várias memórias afetivas atreladas a este espaço, no qual hoje sou pesquisadora, bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI/INMA). Como alguns de vocês já sabem, tenho dedicado minha carreira à pesquisa e conservação de grandes mamíferos na Mata Atlântica, como anta, queixada, veados, catetos, entre outros. Sempre digo que a dona Anta é uma excelente anfitriã, e tem me permitido trabalhar e estabelecer parcerias para a sua conservação e de seus amigos da floresta ao longo desses anos.

Assim, mais um capítulo foi acrescentado a minha história com esses grandes herbívoros! Como tenho colaborado no Plano de Ação Nacional (PAN) de Conservação dos Ungulados (CENAP/ICMBio), achei que seria uma excelente oportunidade aproximar instituições com atuações complementares e tão relevantes. Decidi, então, focar na seleção de áreas e ações prioritárias para reduzir o impacto da caça sobre antas e queixadas no Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA). Para quem nunca ouviu falar deste Corredor, sugiro que conheçam o portal da Rede de Gestores do Corredor Central da Mata Atlântica (www.http://rededegestoresccma.org.br/). Lá você conhecerá um pouco mais sobre essa porção altamente biodiversa da Mata Atlântica.
Para seguir essa linha de trabalho, a intensificação da fiscalização nas áreas protegidas, sem dúvidas, é uma das ações prioritárias para reduzir a caça. Porém, a informação também pode ser uma grande aliada! Já que a fiscalização é para quem pode e deve fazê-la, você e eu podemos trabalhar para que a informação chegue aos moradores dos entornos das áreas protegidas, aos órgãos ambientais, a agentes de saúde, aos brigadistas e tantas outras pessoas que podem ser multiplicadores dos efeitos da caça sobre a fauna, a floresta e sobre nós humanos, obviamente! Ou você acha que não sofremos com a caça também?
Pensando nisso, resolvi criar materiais informativos sobre a caça que pudessem ser divulgados via WhatsApp, porque sei que é uma ferramenta usada por todos e que poderia amplificar a ação rapidamente. Então, em parceria com a bióloga Bruna Pacheco Pina, que é uma artista incrível, produzi quatro folders ilustrativos e cheios de informação de fácil compreensão. O compartilhamento iniciou no mês passado e seguirei com essa estratégia nos próximos dias. Quero agradecer a todos que contribuíram no processo de revisão dos materiais nos últimos meses, incluindo biólogos, médicos veterinários, jornalistas, gestores e funcionários das áreas protegidas, e pessoas interessadas no tema. Ou seja, tem sido um processo de construção colaborativa com diferentes atores da sociedade e isso me deixa muito feliz!
O objetivo é mostrar que a caça afeta a fauna, a floresta e nós, humanos. É importante que as pessoas entendam que também somos vítimas da caça e que quem caça, compra e/ou consome carne de animais silvestres, tem ajudado e muito na disseminação de doenças super perigosas. As doenças da mata não são uma lenda! Ah, e se você mora pertinho da floresta, saiba que é um baita privilégio receber em sua propriedade os ilustres moradores da mata. Muitos deles, como a anta, plantam árvores por onde passam! E os queixadas então? Como vivem em grandes grupos, são capazes de modificar o solo com suas “fuçadas”, favorecendo a germinação de novas plantas e criando ambientes especiais para pequenos animais, como artrópodes, e até mesmo para outros organismos.
São apenas alguns exemplos. A natureza é totalmente conectada! Logo, a perda com a caça é imensurável!
Compartilhe os folders com o maior número de pessoas que puder! É importante que todos saibam e divulguem o quanto a caça é prejudicial à biodiversidade.
Os arquivos em .jpg foram produzidos para compartilhamento via WhatsApp, mas também podem ser usados em apresentações ou em outros formatos com os devidos ajustes. Foram produzidas algumas versões com o objetivo de alcançar mais áreas com diferentes conjuntos de espécies. Arquivos para impressão em formato A3 também estão disponíveis. É só nos enviar um e-mail (institutoprotapir@gmail.com) com a solicitação.
Abaixo estão disponíveis arquivos em .pdf para download e impressão em A4.
A caça é proibida no Brasil pela Lei de Crimes Ambientais (Nº 9.605/98).
Andressa Gatti
Doutora em Biologia Animal
Diretora - Instituto Pró-Tapir para a Biodiversidade Pesquisadora PCI - Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA Curriculum lattes: http://lattes.cnpq.br/4572274192248896
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