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Importância da Anta na dispersão de sementes

Atualizado: 20 de fev. de 2021

Explica Anta!


Olá, jardineiros! A explicação de hoje será sobre a importância da anta na dispersão de sementes.


As antas têm um papel fundamental na estrutura e funcionalidade dos ecossistemas, por isso, nós as chamamos de Jardineiras da Floresta! Mas, de fato, o que elas fazem? Explica Anta!


Anta: - Estou de volta! Meu conhecimento vou compartilhar e pelo caminho irei te explicar!

Dispersão de sementes pela anta.
Rota: A importância da anta na dispersão de sementes. Arte gráfica feita por Bruna Pina.

Antes de explicar para você, porque sou importante na dispersão de sementes, seria bom falarmos um pouco sobre a importância de dispersar sementes pela paisagem.

São atribuídas três razões importantes ao processo da dispersão:

1. escapar dos predadores das sementes e das áreas de plântulas estabelecidas ao redor da planta-mãe;

2. diminuir a competição com a planta-mãe, minimizando a mortalidade dependente de densidade;

3. aumentar a probabilidade de colonização em novos locais apropriados para a germinação e estabelecimento da semente [1].


Dito isso, posso mencionar também o papel crucial que muitos animais desempenham na dispersão de sementes, como mencionei na nossa excursão sobre tipos de dispersão. Dentre eles, posso destacar algumas espécies de Ungulados, como eu e meus amigos queixadas. Nós temos uma grande capacidade de percorrer longas distâncias e consumir muitos itens vegetais, como os frutos. Por isso, muitas vezes dispersamos sementes em grandes quantidades e de tamanhos variados, em diversos locais na paisagem [2]. Mas, como isso acontece?


De modo geral, nós que somos herbívoros influenciamos a estrutura e a diversidade das comunidades de plantas, diminuindo a abundância de suas espécies favoritas, mudando a interação entre as plantas e mantendo a heterogeneidade do habitat [2].

Folhas, flores, caules jovens, cascas de árvores e frutos fazem parte da nossa dieta [3]. Temos um cardápio variado com frutos de mais de 150 espécies vegetais [4]. Isso sim, é o verdadeiro significado de salada mista. Quando as antas, como eu, ingerem frutos carnosos, suculentos, cheirosos, e de sementes maiores, essas sementes passam através do nosso sistema digestivo [2]. Mas não se preocupe, não sentimos dor alguma! Assim, quando fazemos cocô (isso mesmo.. você leu certo), essas sementes são liberadas. E não se assuste não, essas sementes “saem”, na grande maioria, intactas e com alto potencial de germinação!


Porém, alguns pesquisadores não acreditam muito em nosso potencial de dispersão, e vou já explicar o porquê deste julgamento.


Bem, todas as antas têm o costume de agregar as fezes em latrinas, que são locais selecionados pelos animais para depositá-las (como um banheiro!). Viu como somos muuuuito educadinhas?! Só que esse hábito pode aumentar a competição entre as espécies vegetais e também facilitar a predação das sementes. Perfeição não é felicidade sempre, né?


Mas, ainda assim, apresentamos uma maior ingestão de frutos em comparação a outros mamíferos, justamente por conta do nosso tamanho, o que exige uma comilança importante para repor nossas energias!


Proponho até uma pausa para exaltar o nosso tamanho corporal - já que somos os maiores mamíferos terrestres nativos do Brasil. Ai que orgulho de ser anta!


E esse tamanho todo, que vem acompanhado de uma grande fome, exige que a gente ocupe uma grande área de vida, o que acaba resultando em sementes depositadas em locais distantes da planta-mãe - um aspecto positivo na estratégia de dispersão das plantas [2]. Essas sementes talvez tenham menores taxas de predação do que aquelas que caíram da planta- mãe, por exemplo. Viram só, como sou demais? Como frutos com grandes sementes, as levo para bem longe de onde nasceram e, na maioria das vezes, as deixo em locais ótimos para crescerem.


Pronto! Mais uma sementinha germinada com sucesso!

Obrigada pela atenção e até a próxima!


Abraços da Anta.


Texto por Cibele Cillani.


 

Referências

  1. JANZEN, D. H. Ecologia vegetal nos trópicos. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1980. 79p.

  2. Medici, E.P. (2011). Family Tapiridae (Tapirs). Handbook of the Mammals of the World, Volume 2: Hoofed Mammals (ed. by D.E. Wilson, R.A. Mittermeier), pp. 182–204. Lynx Edicions, Spain.

  3. Tobler, M. W.; Janovec, J. P.; Cornejo, F. 2010. Frugivory and Seed dispersal by the Lowland Tapir Tapirus terrestris in the Peruvian Amazon. Biotropica 42 (2): 215-222.

  4. Galetti, M.; Keuroghlian, A.; Hanada, L.; Morato, M. I. 2001. Frugivory and seed dispersal by the lowland tapir (Tapirus terrestris) in southeast Brazil. Biotropica 33: 723-726.

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